Competências para SER terapeuta SacroCraniano

Princípios para entender a TSC... a visão do Terapeuta Sacro Craniana

A TSC age em diferentes níveis, camadas e em diferentes circunstâncias do corpo humano, por este motivo a compreensão exata desta terapia imersiva, é complexa, é a vivência pessoal que pode oferecer o profundo significado e o poder da mudança e da capacidade de supressão. Descrevo de forma sucinta 6 princípios desta terapia:

1 - A unicidade e individualidade de cada pessoa e acreditar no processo

Ao longo da minha experiência profissional, desenvolvi a presença e disponibilidade para olhar para cada cliente como ser único, sem julgamento e com vacuidade. Cada história partilhada é única, e cada resposta à intervenção é individual e está adjacente a um sistema infinito de possibilidades.

2 - Os sistemas não conscientes

Gosto de comparar o corpo a um computador, em que o sistema operativo são os registos da vida que nos permitem agir, relacionarmo-nos, ou seja gerir a vida de forma a sobrevivermos e em simultâneo leve á sobrevivência dos nosso genes (memes), num sistema triangular de sobrevivência, preservação e prosperidade. Tal como num computador, que tem programas que sabemos que estão a ser usados, há outros que não temos acesso, no entanto estão a consumir recursos, também o programas da vida podem se subdividir em conscientes e não conscientes e estes últimos subdividem-se ainda em inconscientes e subconscientes, a estes programas António Damásio, no livro "O livro da consciência" pag. 339 chamou-lhe mente. Para se entender este item é importante ter consciência e vulnerabilizarmo-nos ao que não conhecemos, e aceitar que esse desconhecido existe, que resultou da interação entre o nosso património genético inato e as vivências ocorridas na nossa linhagem familiar, social, cultural e pessoal, e que é possível aceder-lhe.

2.1 Diferença entre programas inconscientes e subconscientes

A inconsciência e subconsciência são fenómenos muito destintos, a nível funcional e a nível anatómico. Inconsciência é o processo que acontece automaticamente e não é possível aceder-lhe. O subconsciente em contraste faz parte da consciência mas não está ativamente acessível ao conhecimento. Pode-se aceder ao subconsciente através de introspeção e identificar o comportamento subconscientemente, motivação ou impulso.

Devido às diferenças subtis não é incomum usar-se os dois termos com o mesmo significado. Uma das formas fáceis de compreende-los é imaginar um iceberg, o que é visível é a consciência, o que está no local onde pode se tornar visível em determinadas circunstância é o subconsciente, a zona que está sempre submersa é o inconsciente. para saber mais podes consultar "O livro da consciência" de António Damásio.

Um iceberg é maior que o que os olhos podem ver. A não consciência não é acessível à introspeção, mas é possível encontrar a sua origem com a ajuda de um profissional de saúde.

2.2 Exemplos de comportamentos subconsciente e as suas limitações

O subconsciente impele-nos a fazer coisas que não acedemos pelo pensamento, mas é possível alterá-lo. Um bom exemplo de um comportamento subconsciente é a respiração, não necessitamos de pensar nela, e ela acontece mesmo a dormir ou em estados inconscientes, mas é possível alterar e controlar o padrão (frequência, intensidade).

Outro exemplo da memória subconsciente são as competências automáticas. Pianistas ou um dactilografo não necessitam de olhar para as teclas para saber onde estão, ou um condutor pode executar outras manobras ou conversas enquanto conduz, as competências automáticas são competências aprendidas pela repetição. Se não são usadas podem desaparecer.

A resistência às mudanças é um outro bom exemplo da vida subconsciente, essas resistências estão adjacentes a sistemas de sobrevivência. Mas por vezes os nossos instintos mais profundos podem ser limitadores, os instintos viscerais são comportamentos viscerais que nos dizem o que fazer e o que não fazer, esta informação está adjacente a experiências do passado, pessoais, familiares ou culturais, mas por vezes os instintos podem estar errados. Poderemos assumir que a felicidade é positiva, mas as mudanças que são necessárias para a atingir podem nos causar medos e dor. Medo e dor não são necessariamente más, mas o nosso subconsciente pode nos dizer que são, e isso demove-nos de realizar a mudança.

3 - Entender o corpo como um sistema hidráulico semifechado coordenado por ritmos

Vários estudos realizado por Thomas Rasmussen referem que há diferentes ritmos no corpo humano, que estão adjacentes à coordenação, distribuição, absorção e produção de diferentes líquidos que circulam no corpo humano, os mais conhecidos são o sangue e o líquido encéfalo raquidiano, estes líquidos têm função protetora, nutrição e comunicação. O mesmo cientista definiu três principais ritmos, o ritmo respiratório, o ritmo arterial e o ritmo sacro-craniano e que os ritmos são controlados pelo tronco cerebral.

Para Jon Upledger todos os ritmos corporais se influenciam mutuamente. Esta relação de influência rítmica (ainda pouco estudada) pode ser observada nos dois sentidos, ou seja alterando o ritmo respiratório, pode-se alterar o ritmo sacro craniano e o ritmo cardíaco e vice-versa? Baseando-me nestas observações entende-se que a saúde está dependente da capacidade e flexibilidade destes ritmos, ou seja restrições do movimento de flexão e extensão, rotação interna e rotação externa do corpo podem reduzir ou mesmo impedir a circulação e distribuição dos fluídos corporais. Estas restrições podem ter várias origens: tensão muscular, diminuição da elasticidade tecidos (principalmente tecido fascial), alterações das propriedades viscoelásticas dos tecidos, alterações emocionais, alterações dos outros ritmos ou por influência hormonal.


4 - O corpo tem memória e capacidade inata de auto cura quando se estabelece uma relação de verdade.

Uma das bases da TSC é a relação que se estabelece entre cliente e terapeuta. De forma a desenvolver conexão o terapeuta deve de estar atento e escutar o que lá está, sem julgamento, e ajudar a memória inata a “lidar” com o problema primário, ou as causas do problema. O terapeuta deve de se posicionar como facilitador e não querer, ou forçar o processo, deve de estabelecer uma relação com essa capacidade inata de cura. Quando a causa se dilui, os sintomas irão se resolver. Em TSC acredita-se que cada sintoma, dor ou sensação solicita uma pesquisa para determinar qual o seu sentidos mais profundo.

5 - As memórias da vida não são exclusivas do sistema nervoso.

Por exemplo os intestinos, o coração e as fáscias, também registam informação. Estes programas são acessíveis por técnicas específicas e possuem uma frequência energética relacionada com esses programas.

6 - Entender de forma destinta os sintomas e as causas que lhe estão adjacentes.

A ciência tem vindo a estudar profundamente os sintomas e a forma de os eliminar, pouco se tem debruçado sobre as verdadeiras causas e origens desses sintomas, sabe-se que por vezes os sintomas não têm causas profundas adjacentes, mas em TSC procura-se abordar as causas e em simultâneo os sintomas serão mitigados por essa abordagem.